23 setembro 2005
As casas inteligentes
Cada vez mais se vê por aí anúncios ao que “eles” chamam de casas inteligentes. Andei a pesquisar sobre o assunto e cheguei à brilhante conclusão de que, quem tem uma casa destas é um asno.
Mas o que é uma casa inteligente, perguntam vocês? Nada mais que uma casa cheia de maquinaria ligada à Internet e que fala connosco. Uma espécie de chat para totós tímidos que se excitam quando falam com um frigorífico... Não é difícil, portanto, que algumas destas casas sejam mais inteligentes que os seus donos.
Segundo apurei, pode-se ter uma casa onde uma máquina de lavar louça pode ser ligada a partir do escritório, um frigorífico que sabe quando acaba o leite e uma balança que envia “sem intermediários dietéticos” o real valor do teu peso para o ginásio.
Francamente, não percebo que tipo de droga tomam estes “cientistas”. Será que alguma vez pararam para pensar? Porque raio é que um tipo, a seguir a encher a máquina de loiça, vai para o trabalho para a ligar?
E o que é que os chefes pensam de trazer trabalhos domésticos para o emprego? Será que traz benefícios?
Chefe: O que é que está a fazer?
Eu: Acabei agora de ligar a máquina da louça.
Chefe: Muito bem. Isso é que é produtividade! Continue assim que ainda vai longe nesta empresa!
Eu: Chefe? E a seguir vou puxar o autoclismo , que me esqueci!
Chefe: Responsabilidade! Muito bem! Ponham os olhos neste rapaz!!
Não é de uma máquina de lavar louça que comunique comigo que eu preciso. Senhores cientistas, se me querem agradar, dêem-me uma que agarre nos pratos sujos do lavatório e os meta na máquina!
Também não preciso de um frigorífico que saiba quando um produto acaba. E se de repente ele se recusar a abrir a porta só porque quero dar cabo da tarte de uma vez só?
Quanto a balanças espertalhonas, será que eles estão malucos? Se eu nem sequer quero que ela me transmita tal informação a mim quanto mais a estranhos? E se de repente a balança decide informar o frigorifico de que estou gordo? Nunca mais consigo abrir o frigorífico...
A tecnologia parece um bicho papão e é. Os telemóveis, por exemplo, hoje em dia fazem praticamente tudo. Têm tantas aplicações. Se calhar até conseguem falar com os mortos só que eu não sei como. Tal como o comando da televisão e os seus 54 botões. Há uns que até têm botões escondidos, de lado, etc... Metade não servem para nada... Por falar em comandos. Mas que paranóia tem os senhores inventores com os comandos? Não chega um? É o comando da TV, do vídeo, da aparelhagem, da tvbox, do satélite...Para assistir a um jogo de futebol confronto-me com 120 botões cada um com possibilidade de fazer combinações. Muitas vezes desisto e vou meter a louça na máquina.
E os inventores querem complicar-nos a vida ainda mais. Sabem onde é que isto vai parar? Qualquer dia abro a porta do meu “frigorífico inteligente” à procura de uma cerveja e oiço uma vozinha em espanhol tipo aquelas irritantes dos elevadores. “Ola. Es su refrigerador que le habla. Es corto en leche. Hasta que usted rellena el stock de leche que usted no haberá ninguna cerveza.” E mesmo que o queira desligar não consigo sem ter de ler primeiro o manual em Coreano.
É este o futuro que nós queremos? Será que queremos gadgets mais inteligentes do que nós? Claro que não.
As máquinas devem ser todas mais burras do que uma porta, quanto muito com um QI idêntico ao de um cão ou de um deputado.
P.S. Por favor não digam nada ao meu micro-ondas que eu penso assim...
posted by Dimitri Apalpamos @ 1:02 da tarde,