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O Zarolho

24 novembro 2006

Aviões só com lugares de pé?

Nas portas de embarque agora lê-se o seguinte:
"Remover todas as garrafas e/ou recipientes que contenham líquidos ou ‘gel’ cujo teor não possa ser comprovado".
Isto inclui todo o tipo de bebidas, champôs, protectores solares, cremes, pasta de dentes, gel para o cabelo e outros produtos de consistência parecida.

O que me faz espécie é o tempo que demoraram a banir estes produtos. Os líquidos e o géis, desde há muito que são muito perigosos. A pasta de dentes aquafresh tricolor pode efectivamente ser bastante refrescante e combater eficazmente as cáries, mas arde como raio quando espicha para os olhos. Podia-se facilmente tomar um avião simplesmente por apertar um tubo de pasta de dentes. Um dos novos, claro. Não daqueles que ainda estão a meio que para tirar de lá qualquer coisa é preciso um curso superior.

Quanto aos líquidos haverá algum mais perigoso que a Coca-Cola? E não estou a falar da sua característica de desentupidor de canos mas, de acordo com uns mails que recebi, com a capacidade que tem de explodir quando misturada com Mentos. A ameaça de um piloto ter a boca com Mentos e uma falsa hospedeira terrorista lhe dar um copo de Coca-Cola tem que ser levada a sério! E os Mentos não acusam no detector de metais.

Há ainda o perigo do que está à nossa espera dentro do avião. As revistas e os jornais são mortais! Basta pensar no terror causado pelos cortes de papel. E aqueles cantos afiados? Um virar de página pode vazar a vista a um inocente.
E as almofadas? Acho que juntando, digamos umas três almofadas seria possível sufocar alguém. Quer dizer, talvez.

A comida é outro dos grandes perigos. Suponhamos que vem estragada e que tem que ir toda a gente à casa de banho ao mesmo tempo. Isso poderia chamar-se um ataque de diarreia sincronizada. Imaginem a correria cruzada naqueles corredores apertados. Já para nem falar que mais de metade das pessoas iria perceber que afinal devia ter estado atenta aquando da explicação da queda das máscaras e das saídas de emergência.

A lista de produtos proibidos menciona loções e cremes, mas então e os unguentos? E os bálsamos? E as pomadas? São proibidos também?

É no mínimo, vou escolher a palavra certa, surreal, ver os guardas à procura de potenciais bombas, ou de corta-unhas ou de ganchos para o cabelo ou do raio que os parta. Será que ficamos mais seguros por forçar uma velhota a tirar as suas sandálias antes de entrar no avião? É difícil de responder... de qualquer modo eu sentiria-me mais seguro se protegido da ameaça dos aeroportos e seus guardas à eficiência e dignidade.

Desde que há uns tempos um gajo entrou dentro de um avião com um sapato-bomba, nós teremos que, para sempre, tirar os sapatos antes de embarcar. Portanto, começou com os sapatos, agora são os líquidos que estão na moda entre terroristas e todos os nossos produtos de higiene com uma determinada consistência são banidos. O que será quando um gajo quiser entrar num avião com umas calças-bomba? Acabam-se as calças a bordo? Têm que ir na mala no porão juntamente com os líquidos explosivos. E quando inventarem um explosivo que pode ser dissimulado nos cabelos e que expluda com as ondas rádio dos auriculares?

Ouvir-se-á: “Por favor retire os sapatos, tenha o seu bilhete de avião e de identidade à mão e tire a senha azul para o barbeiro.”

Este dia há-de vir. Sem calças nem sapatos, corte de cabelo à Barthez, ligeiramente dobrado e na ponta de uma luva de borracha esterilizada. E isto sem a ajuda de unguentos, claro.

“Obrigado por voarem connosco. Tenham uma boa viagem e pedimos desculpa por termos de os forçar a sentar.”

posted by Dimitri Apalpamos @ 12:33 da tarde,




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