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O Zarolho

27 fevereiro 2007

“Quando estiver mesmo à rasquinha,
o mais provável é tomar a decisão errada.”

São capazes de acreditar que 68% das pessoas quebram as suas promessas passadas duas semanas? Então e se forem só 43%, já acreditam?
De qualquer modo eu estou disposto a vencer as estatísticas. Eu sei o que estão a pensar. Bem, não sei, mas não faz mal. Como disse, tenho um objectivo e este pretendo cumprir.

Vou deixar de usar as casas de banho das senhoras.

Não é o que estão a pensar. Não vou pôr-me aqui a fazer piadinhas desagradáveis de casa de banho. Nem vou sequer (tirando nesta frase) fazer referências a barulhos e odores e funções corporais ou então barulhos corporais que resultam ou não das funções corporais. Nem sequer haverá risadas da minha parte quando eu disser cocó. A partir de agora.

Como todas as grandes decisões, a minha, resultou de uma vontade inesperada de ir à casa de banho. Eu disse inesperada porque de tempos a tempos e sem qualquer aviso prévio o meu cérebro tem uma conversa com a minha bexiga sobre a melhor altura para me aborrecerem ou seja precisamente em hora de ponta na A5.

CÉREBRO: Então? Tá-se?
BEXIGA: O quê? Agora?
C: E porque não? O gajo está a conduzir.
B: A próxima saída ainda é longe?
C: Tu é que tens o mapa.
B: Está todo mal dobrado, não consigo perceber nada.
C: Não faz mal. Deve faltar pelo menos uns 5 km e com esta fila de trânsito...hahahaha
C e B: hahahahahahaha.

Então, o que fazer quando se está a conduzir e a vontade aperta? Pode sempre ignorar mas isso criará um problema. Mais cedo ou mais tarde vai chegar aquele ponto onde apenas pode fazer uma coisa de duas: ou andar a fazer uma dança índia à volta de uma fogueira imaginária (que dentro do carro não dá jeito nenhum) ou então ignorar aquele autocolante no carro da frente que diz “Visite o Oceanário”.

Bem, 4 danças depois e muito slalom no meio das filas sem qualquer respeito pelas regras de trânsito, consegui chegar à área de serviço. Uma área de serviço moderna projectada pela Rainha de copas tal e qual como um labirinto. Lá dei com a escondida casa de banho masculina que estava fora de serviço tal como está descrito no livro das leis de Murphy: Edição incontinente.

Quem se já deparou com uma situação destas à luz do dia e num sítio movimentado, sabe que tem apenas duas hipóteses:

1. Ir a outro lado qualquer. Um pensamento lógico com uma resposta imediata da bexiga: Mas é que nem que te mijes todo”
2. Esperar que o sinal de fora de serviço desapareça por artes mágicas e a porta se abra.

Ou então, uma terceira via mais conhecida por “olha que isso vai dar cocó” (hihihihihi,desculpem). Mas porra, em alturas destas não há tempo para referendos que é exactamente a razão porque eu entrei pela casa de banho das senhoras adentro (deixem-me desde já criticar os construtores – não havia um só urinol). Percebi que problema não é entrar. Aliás, penso que nunca há ninguém à entrada ou sequer se vê qualquer coisa. O problema é quando uma senhora entra e depois vê uns sapatos 42 por baixo da porta virados para o lado contrário ao som de um ahhhhhhhhhh orgásmico.

EU: O que faço agora?
CÉREBRO: Tu é que mandas. Meteste-nos aqui, agora safa-nos.
EU: E tu o que pensas?
BEXIGA: ahhhhhhhhhhhhhh

Decidi então resolver o assunto do modo mais adulto que sabia, ou seja esconder-me em silêncio e não ligar às tentativas de abrirem a porta. É inacreditável como um homem acocorado em cima da sanita e desesperado por um plano para sair dali sem ser notado, tem montes de tempo para a auto-análise. O que me leva novamente à minha promessa de nunca, mas mesmo nunca mais voltar a usar a casa de banho das senhoras. Isto é, partindo do princípio que algum dia sairei desta.

posted by Dimitri Apalpamos @ 6:24 da tarde,




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